terça-feira, 30 de setembro de 2008

Caril de Camarão à Francesa


Para os que não sabem o caril é uma mistura variada de especiarias moídas, nomeadamente gengibre, cárdamo, cominhos, pimenta, coentros, cravinho, canela, flor de noz-moscada, paprica, erva-príncipe, entre outras. Embora um produto proviniente da India, foram os ingleses que o inventaram.
A parte francesa da questão é o alho francês, que de França não tem nada. - "Tomara eles!" - Cultivado pelos egípcios e Hebreus, este vegetal da família da cebola, traz benefícios para a saúde, ajuda na prisão de ventre, na sinusite e na bronquite. Brevemente vou sugerir outra receita de uma entrada com alho francês muito fácil e rápida de fazer.

Passando à receita propriamente dita, quero divulgar o tipo de produtos e onde se podem encontrar, este, a meu ver, é um factor relevante.
O camarão foi comprado no Pingo Doce, já cozido e pronto a levar, custa apenas 9 euros o quilo e sinceramente é do melhor que já comi!
Uma embalagem Rajah - Barra de Coco - que é literalmente um "tijolo" de coco, que se raspa, a quantidade pretendida e é só dissolver na água. De grande duração, faz com que o possamos usar sem a preocupação do prazo depois de aberto. Experimentei também Patak's Original - é uma pasta de caril (suave ou hot), um produto que já é comercializado em Portugal e muito prático e saboroso.

O resto é fácil, faz-se um refugado de azeite e alho francês (cortado muito fininho), mistura-se o camarão, préviamente cozido e descascado, a água com o coco e em seguida a pasta de caril, deixar em lume brando uns 10 minutos. Para acompanhar sugiro arroz Basmati e um vinho tinto, Casa da Alorna de 2000, um vinho premiado com a meldalha de ouro no concurso
"Os melhores vinhos engarrafados do Ribatejo".
Mais uma dica, oiçam música enquanto cozinham, o ritmo
da música transporta-se para os nossos movimentos...
Desta vez, o álbum escolhido foi A DAY IN NEW YORK,
de Morelenbaum e Sakamoto.

Apreciem!

domingo, 28 de setembro de 2008

Espiral de prazer com salmão

Compra-se, pesca-se ou rouba-se um lombo de salmão fresco, ainda com pele e reserva-se no frigorífico, depois de salpicado com sumo de limão. Ferve-se a água que vai receber as espirais e junta-se sal a gosto. Enquanto isso, coloca-se uma frigideira no fogão que fica aquecer para depois receber o lombo de salmão que vai tostar levemente do lado que tem pele.
Como o salmão é o obeso dos peixes, a frigideira não leva nenhuma gordura, mas pode ser privilegiada com alguns cristais de sal que irão ajudar no processo de tostagem.
Numa outra frigideira pequena coloquem um "fiozinho" de azeite, alho picado, delícias do mar cortadas “grosso modo” e gambas sem casca. Deixem cozinhar, adicionem sal, orégãos, coentros frescos picados, grãos de pimenta e natas. Misturem tudo e juntem as espirais previamente cozidas.
Depois de tostarem o salmão, apenas do lado que tem a pele, retirem-no da frigideira e transfiram-no para o prato, com as espirais de delícias do mar e gambas. Guardem algum do molho resultante da miscelânea de espirais e despejem-no sobre o salmão.
Podem acompanhar com batata nova assada no forno, courguette grelhada ou cenouras bebé no forno. Um, ou vários, verde branco bem gelado também não vão nada mal!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

POLVO AVINHADO


Cozinhei este polvo do mesmo modo que o faço com coelho ou lebre. Tudo junto e muito tempo de cozedura para apurar bem o molho.
Num tacho grande, coloquei 2 cebolas médias picadas, 3 dentes de alho picados,
Azeite até cobrir o fundo do tacho, 1 folha de louro, uma colher de sopa de colorau, meio frasco de molho inglês (frasco dos pequenos), um pouco de molho de soja, noz-moscada, cravinho, pimenta e sal (fica à sensibilidade de cada um). Adicionei o polvo e meia garrafa de vinho tinto encorpado (nada desses vinhos de mesa em pacote que não têm cor nem grau nem aroma). Acrescentei ainda 2 cubos de caldo de carne e um raminho de salsa atado para mais tarde retirar. Deixei cozer até o molho e engrossar e polvo estar tenro.
À parte, cozi batatas pequenas inteiras e couve com sal, uma cebola inteira e um chouriço para dar aos legumes um sabor que ligue com o molho. Um pouco como nas couves do cozido à português que ficam bem mais saborosas se cozidas na água das carnes.
Para servir, em cada prato, uma cama de couve com 2 tentáculos em cima e batata ao lado. Reguei com o molho e terminei com um pouco de salsa picada.
Aqui a bebida deve mesmo ser a outra metade da garrafa e mais que houver.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Figos pá! Figos!


É tempo de figos e nesta altura lembro-me sempre da minha infância quando comia figos secos que a minha avó secava em grandes tabuleiros de madeira e os comíamos com amêndoa ou nozes. Acabei de fazer uma experiência com figos! É pena não ter registado o momento com uma foto mas vou tentar ilustrar o melhor possível.
Gostam de tâmaras com bacon? É parecido. Abri uns quantos figos a partir do rabo (cuidado com a censura), deixando as metades fixas pela ponta. O resultado é mais ou menos uns óculos de natação. Com o miolo virado para cima, coloquei uma talisca de bacon em cada metade e um pouco de parmesão em lascas (atenção que eu adoro a comida italiana e em particular da utilização do queijo como acabamento para muitos pratos). Levei ao forno com o grill e isto é importante porque o que se pretende é gratinar a parte superior e não assar o figo.
Posso assegurar que é uma óptima entrada e que tem o aspecto melhor do que eu.
Empratei esta iguaria da seguinte forma: prato branco enorme, com todos os figos abertos dispostos ao meio paralelamente, formando mais ou menos isto :::::::
A textura do interior do figo com o apontamento tostado do queijo e bacon é sem dúvida um regalo para a vista, perdoem-me a falta de humildade.
O contraste entre o doce e o salgado é perfeito.
Posso dizer que, ou é afrodisíaco ou então eu sou afinal mais bonito que este prato, isto porque, após partilhá-lo com a minha Maria, ainda hoje consigo chegar a casa depois das 4h da manhã, puxar o autoclismo com a porta aberta, acender a luz do quarto e ainda recebo o sorriso mais belo do meu mundo, o do amor da minha vida.

O que mais gostei neste prato foi sem dúvida o prazer que o meu amor e cobaia destas experiências manifestou.
O melhor de cozinhar é ter com quem o partilhar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Jamie Oliver / Jaime Oliveira


Itália ou Portugal? É impossível ler este livro sem ficarmos com vontade de agarrar neste rapaz e traze-lo à nossa terrinha. O homem revela-se impressionado com a comida italiana chegando mesmo a afirmar que é a melhor do mundo. Aí é que a porca torce o rabo. A partir desse momento não consegui deixar de ser parcial quanto a tudo o que ele escreve neste libro. Mas por outro lado fiquei contente. Sei que afinal ele não sabe tudo e pior ainda, não conhece Portugal. Ou então é parvo.
Se é verdade que a cozinha italiana não se resume às massas e pizzas também é verdade que é muito menos diversificada quer em relação às soluções quer no respeita aos temperos e modos de confecção.
Jamie Oliver adorou as sopas do campo italianas. Sopas de massa com grão ou massa e feijão, por vezes com legumes. Não vi nenhuma em se cozam carnes para dar aquele sabor tão característico e rico que nós conhecemos. Sopa da pedra, sopa de peixe, sopa de cação ou a bela canja de galinha ficam para nós.
Eles também comem o bacalhau demolhado depois da salga mas no meio de tanta massa nunca vi nenhuma massada de bacalhau. E o bacalhau com mangusto ou à lagareiro, à Brás, Gomes de Sá ou Zé do Pipo? E a punheta de bacalhau? A sopinha de bacalhau com ovo escalfado. O simples bacalhau com todos ou com grão e ovo cozido. Meu Deus! Ainda faltam mais de 300 receitas. O tipo adora os queijos italianos. Por favor, alguém lhe ofereça um Queijo da Serra. Estou a pensar seriamente em enviar-lhe uns queijinhos secos de cabra ali da velhota do Cidral ou uns poucos queijos de azeite para ele ver como é elas lhe mordem.
Caldeirada, Cozido à Portuguesa, Cabrito no forno, ensopado de borrego, Galo de cabidela, Carne porco à Alentejana, etc, revela a enorme diversidade de pratos que nós temos.
Depois há o risotto. Sempre da mesma forma, na Itália é cozinhado com monotonia. Refogado de cebola, acrescenta-se o risotto a seco e deixa-se fritar um pouco até ficar translúcido. Depois a água ou caldo de legumes e quase no final o parmesão ralado em força. Embora por vezes lhe acrescentem legumes ou cogumelos, parece sempre um acompanhamento. Nós?! Arroz de peixe, marisco, lingueirão ou de polvo, empadão de arroz, arroz de cabidela, arroz doce e bolos de arroz.
A dieta mediterrânica é comum de facto. Azeite, tomate, alho, cebola, legumes e peixe.
Mas em 4 livros sobre comida italiana de diferentes autores este ainda assim é o mais completo. Das duas uma: ou não as fazem ou não se escreve sobre elas.

Addio.


PS: Se ele pode ser parcial e nem sequer é italino eu pelo menos sou português.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Maminhas no forno


Bom...antes de começar tudo depende do tamanho das maminhas.
Existem várias copas: AA, A, B, C ou D, naturais ou
com "fermento"! Mas tendo em conta a "nossa" sociedade,
duas para cada pessoa deve ser suficiente.
Começa-se por temperar as maminhas/peitos inteiros apenas
untando sensual e generosamente com vinha d'alho ou massa
de pimentão. (E nada de mariquices...isto é para ser feito
com as mãos). Basta que seja uma a duas horas antes... rega-se
ainda com um pouco de vinho branco e guarda-se no frigorifico.

Deitar num tabuleiro, cortar umas cebolas às rodelas finas
de forma a fazer uma cama bastante apetecível.
Pode-se ainda cortar uns alhos e saltear por cima da cebola...
regar tudo com azeite qb.

À parte, dar uma cozedura numas batadas de assar pequenas com
casca e tudo, depois de lavadinhas claro, com um pouco de sal.
Como aprendi com a minha mãezinha, espeta-se o garfo até
estarem meio cozidas..o resto será feito mais tarde no forno.

Deitam-se os peitos por cima da cebola e do alho, regam-se
com um fino fio de azeite, um pouco mais de vinho branco
e coloca-se um pequeno cubo da margarina por cima de cada um.
As batatas podem agora juntar-se em torno dos peitos.....
Leva-se tudo para a fornalha que já estava quentinha e aguarda-se.

Depois disto é dificil resistir a umas belas maminhas... no forno!

Bon apetit

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O pão nosso de cada dia.


Tenho pena do pão! Um alimento tão importante na nossa alimentação e cada vez mais negligenciado. Parece mesmo que tem sido amassado pelo Diabo.
O pão já teve os seus dias de glória e é curioso que o que outrora foi uma metáfora para o sinónimo de beleza parece ser agora o culpado de toda a obesidade. Frases como “Aquele gajo é um pão” ou “és um pãozinho sem sal” elevavam o pão a um modelo de comparação positivo.
Hoje temos a geração das bolachas e cereais com fibras, das barras de cereais, quando o nosso pãozinho é rico em fibras, sais minerais e hidratos de carbono de digestão lenta. O problema não é o pão mas sim o que se como com ele portanto... Não arranjem desculpas para os exageros.
Há coisa melhor que um pão quente com requeijão e uma chávena de café com leite, umas torradas com ovos mexidos e bacon ou um bom pão caseiro ribatejano a molhar no azeite? E um ensopado de borrego? E uns cubinhos de pão torrado na sopa de peixe? E umas tostinhas com queijo amanteigado? E as açordas, mangusto ou milhas? E um bom prego ou bifana no pão ou ainda o pãozinho com chouriço? O que seria das sardinhas sem o pão?
O vinho também teve os seus dias maus e agora está em alta. Hoje é “bem” beber vinho, sobretudo as mulheres. É sofisticado vejam bem.
Esperemos que o pão também venha a estar na moda e comecemos a ver as mamãs a mandar uma sandes ao filho para a escola em vez de bolicaos.

Deixo aqui uma piquena sugestão, muito portuguesa com certeza.
Já lhe ouvi chamar de tiborna e torricada mas eu prefiro chamar-lhe pão torrado esfregado com alho, regado com bom azeite e que pode ser acompanhado com umas lascas de bacalhau assado.
Muito bom.
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