terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hoje houve pipis

Pois é! Continuam a dar à costa as mais variadas oferendas. Desta vez foram dois quilos de vísceras e pezinhos de frango (miúdos de frango) que me apareceram aqui em casa vindos das Caldas da Rainha.
As pessoas falam das pilinhas das Caldas mas esquecem-se que nessa cidade da Estremadura não há só pilinhas. Também há pipis e muito jeitosos. E por aqui me fico.

Chegados os miúdos (pescoço, pezinhos, figado, coração, moela, etc), lavam-se em água abundante para depois se salpicarem com sal grosso. Num tacho generoso coloca-se muita cebola fatiada, alho picado, louro, tomate maduro esmagado, uma mini Sagres, pimenta, picante e sal. Liga-se o lume e assim que o tacho começar a fazer "xinfrim" juntam-se todos os miúdos do frango. Agora é só esperar mais ou menos uma hora pondo os miúdos a mexer de quando em vez.

Os pipis são normalmente acompanhados com cerveja ou vinho, pois servem como petisco/entrada/mata-bicho mas achei por bem fazer deles uma refeição ladeando-os com arroz e pão para encharcar em molho. Atenção que nunca devem acompanhar os miúdos com pedófilos. Dizem as más linguas que pode provocar diarreia. Vá-se lá saber porquê!

Feira da cebola em Rio maior

sábado, 28 de agosto de 2010

Prazeres - Gin Hendricks


O Hendrick’s está para os gins como o tema Little Wing está para o Blues.
Não vale a pena dizer mais nada.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Arroz galucho

Desta vez "aterrou" aqui em casa um galo caseiro que viajou setenta quilómetros para se enfiar no meu tacho. Natural de São Vicente do Paúl, este galo chegou-me às mãos já "depilado", com uma pele sedosa em tons amarelo-torrado e acompanhado pelas respectivas vísceras.

Raramente estou com a Ti Maria Ciboila (não mais que uma ou duas vezes por ano) mas, mesmo assim, continua a fazer chegar à minha casa autênticos fretes de feijoada de caracoletas, abóboras, aguardente velha do Ti Tóino Miguel, broas, ovos, patos e, desta vez, um galo caseiro.
Por mais que agradeça à Ti Maria Ciboila nunca será demais.

Sem grandes merdas pensei logo em fazer galo de cerveja com esparguete para o almoço mas lembrei-me que o Vaz referiu - no dia em que enfardamos os pezinhos picantes com grão - que gostava muito de arroz. Vai daí resolvi fazer um arroz malandrinho (ou maroto como diz o meu maivelho) com o galo e vinho tinto.

Parti metade do galo e todas as vísceras em pedaços (uma perna deu três pedaços), coloquei no tacho com azeite do Montagudo (lugar de uma aldeia no Ribatejo), que também me apareceu em casa, juntei cebola picada, alho picado, duas folhas de louro, 20cl de vinho rosé, 2ocl de água, dois tomates bem maduros e umas salpicadelas de caril, açafrão e colorau picante. Deixei ao lume durante 50 minutos.

Passados os 50 minutos, juntei 25cl de vinho tinto, 25cl de água, deixei levantar fervura e acrescentei o arroz. Dez minutos depois estávamos sentados a enfardar o arroz de galucho com pão do Leiteiro (o padeiro que todos os dias deixa o pão em minha casa) e tinto ribatejano. Todos repetiram excepto eu.

Da outra metade do galo ninguém sabe o paradeiro mas, dizem as más línguas, anda a monte à procura de serrabulho.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pezinhos picantes com grão e farofa de banana

O que é que um gajo faz quando vai ao congelador buscar uns nacos de vitela e descobre uns pezinhos de porco que sobraram de uma feijoada feita há mais de três meses? Ainda pensei em fazer pezinhos de coentrada mas como a gaja cá de casa só gosta de lambuzar o pão no molho, sem tocar na xicha, abandonei essa ideia.

Mais uma vez, como é hábito, abri as portas do despenseiro para me inspirar e reparei que na prateleira de cima estavam duas latas de grão de bico, na prateleira do meio uns restos de farinha de mandioca e algum arroz carolino. Estava a correr bem.

Abri o "figurífico" (como dizia a minha Avó) e dou de caras com despojos de bacon, meio chouriço, duas cenouras e bananas. Vai daí, fui buscar o tacho, antes que passasse a "tesão do mijo", piquei alho, cebola, cortei a cenoura e o chouriço em rodelas generosas, juntei três folhas de louro, uma malagueta pequenina mas muito "rabina" e um pequeno derrame de azeite. Liguei o fogão.

Enquanto o tacho fazia aquele barulhinho maravilhoso do refogado, parti os pezinhos já descongelados e usei-os como surdina da festa que estava a acontecer dentro do tacho. Acrescentei 15cl de um rosé de produção caseira, que está a morrer dentro de um bag-in-box, sal, as duas latas de grão e deixei apurar em lume brando.

Enquanto isso, piquei bacon, coloquei-o numa frigideira bem quente, arremessei-lhe farinha de mandioca para cima que, quando começou a amarelar, levou com umas valentes rodelas de banana em cima para não se armar em fina. Depois foi só sevir os pezinhos com o grão e espetar-lhe com a farofa por cima (para ver se o molho engrossa). Acompanhei com arroz de manteiga, pão (do bom), vinho tinto e boa companhia que, apesar de não gostar de pés de porco, não se queixou de nada.

Ilha das Amoras do Silvestre


Uma combinação perfeita com sabor da ilha dos Açores, ... Queijo da Ilha de S. Jorge com Compota de Amoras Silvestres... como entrada, saida ou só para acompanhar um momento interessante de televisão!

A receita da Compota, não é da nossa responsabilidade, mas sim do Forum pimentas.org, - https://www.pimentas.org -. Foi a receita mais apetitosa que encontrei deste maravilhoso e cobiçado fruto.
"...é com enorme prazer que dou a conhecer algumas receitas da minha ilha (São Miguel). Deixo aqui a receita de Doce de Amora Silvestre, doce muito comum aqui na minha ilha, onde no final do Verão muitas pessoas vão colher estes frutos para assim fazerem este doce caseiro... lave bem as amoras e retire as grainhas, com as mãos esmague bem as amoras, há quem as triture na máquina, mas com as mãos fica bem melhor. Por cada kg de amoras adicione 800gr de açúcar e leve a lume brando a cozer, depois de cozido deixe esfriar e coloque em frascos comuns esterelizados..."
E para acompanhar o belo do queijo da Ilha de S. Jorge, em finas fatias para não sobrepor o gosto à compota. Estes produtos encontram-se disponíveis na baixa lisboeta, ali na Rua de S. Julião. Um autêntico serviço de promoção da região.

Bom proveito

Sabores, cores e mau olhado!


Na minha última viagem a Barcelona, confirmei, mais uma vez, que o olhos comem mais que a barriga. O aspecto das coisas, pessoas, enfins levam-nos a viagens sensoriais, que na realidade, não são mais que uma viagem ao rio judeu, no Seixal! Bonitos, mas mal cheirosos e com um sabor a qualquer coisa podre. Se olharem com atenção para a foto, vão perceber o que quero dizer. Pratinho todo bem decorado e tal, com um molhinho a saber a químico, rega aqui rega ali, coloca uma folhinha, que nem viu água, mesmo em cima da ginja e tal.... Fui enganada e não gostei... paguei 3,20 euros por esta "tarte" e tal como o resto da loja, só coisinhas bonitas de encher o olho, não sabem a nada de jeito! Estou revoltada e aconselho-os a pensar no assunto, as coisas bonitas sabem mal. Tenho dito!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Como fazer vinagre com restos de vinho tinto?

Em resposta à pergunta que a Sofia fez aqui, cá vai uma maneira (a minha) de fazer vinagre com restos de vinho tinto.
Cada pessoa tem a sua técnica e "temperos" mas na prática a coisa resume-se, mais ou menos, em fazer com os restos de vinho, que guardo num garrafão de cinco litros, o mesmo que tem acontecido com a relação Sócrates/Passos Coelho, ou seja, dar-tempo-ao-tempo até azedar.

Para a coisa azedar faz-se o mesmo que o Ministério da Educação faz aos professores e que é andar sempre a saltar de sítio-em-sítio. Ora está à sombra em locais frescos ou lhe retiro o "rolhão" (um pedaço de pano que uso para tampar o garrafão, deixando-o respirar mas evitando que a mosquitada penetre e estrague tudo) ou o coloco à "torreira" do sol. Com estas trocas-e-baldrocas o vinho vai avinagrando até ficar no ponto.

Obviamente, dou-lhe sempre o meu toque especial (modéstia é coisa que não há por estes lados), acrescentando três colheres de sopa de açúcar amarelo, duas colheres de sopa de molho de soja e um copo (20/25cl) de vinho do porto, licor beirão ou moscatel. Isto tudo por cada cinco litros, mas cada um é que sabe de si e pode fazer vinagre de autor.

Depois disto é só fazer o mesmo que faz quem está em lista de espera para ser submetido a uma cirúrgica, até que um dia, sem estar à espera, alguém diz que o vinagre está "pronto para a matança". A partir desse dia nunca mais se gasta dinheiro em vinagres manhosos.

Para que percebam o mais importante para que o resultado final seja satisfatório cito o meu Avô. "Vinho que se bebe carrascão e agre também não faz bom vinagre".

domingo, 22 de agosto de 2010

Pudim da gaja com ovos do Manja

O Manja mandou ovos para mim. Felizmente, as minhas galinhas também me premeiam diariamente com uma preciosa cagadela de ovo. Como não consigo consumir ovos à velocidade que os cagam vejo-me obrigado a partilhar com família, amigos e, quando aparece um ovo podre, com inimigos.

Os ovos que saem da peida das minhas galinhas são maravilhosos, de cores bem carregadas e, mesmo que apenas estrelados numa pequena noz de manteiga Ilha Azul, uma pitada de sal grosso e pimenta, distraem as papilas gustativas de tal forma que poderia ser violado, sem me aperceber, enquanto chafurdava o pão na gema mal passada.

Apesar de venerar o ânus das minhas galinhas, tenho que reconhecer que não há ovos melhores que aqueles que vêem a luz do dia a partir do cu das galinhas do Manja. São pequeninos - o que prova que as galinhas não foram abusadas pelo Manja - acastanhados, carregadinhos de merda de galináceo, mas autênticos concentrados de sabor.

Dizem as más-línguas que tamanha dádiva é fruto da consanguinidade entre animais. É bem verdade que os ovos galados do Manja resultam sempre em belos pintainhos, mas nada disso me interessa. Importa sim que o Manja me ofereceu ovos e recebi-os agradecido e orgulhoso por poder meter os "queixos" nestas verdadeiras preciosidades.

Não fosse a gaja cá de casa, em 50 minutos, transformar
os 10 ovos do cu das galinhas do Manja (350grs de açúcar, 100 delas para fazer caramelo e 1,3l de leite) em pudim caseiro e estaria neste preciso momento a chafurdar pão nas gemas mal passadas ou a enfardar ovos mexidos com mioleira, farinheira ou cogumelos e poejo.

Se o raio do pudim não estivesse obscenamente delicioso, tínhamos o caldo entornado. Como vingança, apanhei uma valente caganeira de pudim quente.

João Teodósio Matos Barbosa & Filhos, Lda


Duas quintas, duas regiões, dois vinhos.
Alentejo e Ribatejo, caracteres diferentes, a mesma paixão.
João Barbosa é um Homem que procura o melhor, de si e do que o rodeia.
Para mim, fazer com gosto é sempre meio caminho para a perfeição.
Sem entrar em pormenores e porque não estou habilitado, os vinhos que provámos desta casa no tal jantar da 1ª Gala HHPP, foram justos. Digo isto porque de facto a comida quase monárquica assim o exigiu.
Do Ninfa-Ribatejo, evoluímos para um Lapa dos Gaivões Escolha -Alentejo e ficámos muito bem. O vinho ficou por cima em alguns pratos e mesmo no final de conversa.
Faltou o espumante, o melhor espumante, atrevo-me a dizer, o Espumante Ninfa Bruto da casta Pinot Noir, para mim, a jóia da Coroa, o Clímax, o melhor “artigo” desta sociedade familiar.

Como isto não é um jornal online com a papinha toda feita, aqui fica:
Tel: +351 243 991429
Fax: + 351 243 991788
www.joaotmbarbosa.com
vinhoevinhablogspot.pt
skype:sajtmb

sábado, 21 de agosto de 2010

Fondue (ou o raio que o parta) de queijo em pão "ranhoso"


Quantas vezes compramos pão que não presta? Pois é. A minha sugestão de hoje serve de desculpa para que não se levem essas desilusões a peito. Deve-se perdoar o canalha que perdeu tempo a fazer tal atentado e, sempre que sair na rifa um pão ranhoso de tamanho médio ou grande, usa-se como se fosse um normal "tacho" de fondue, transformando a desilusão em algo sublime.

Então é assim... corta-se a parte superior do "ranhoso" em círculo, retira-se todo o miolo do "desmiolado" e enquanto isso mistura-se num recipiente o queijo "palha", alho picado, cebola picada, coentros picados, béchamel (ou maionese) bacon picado (ou restos de chouriço, presunto, paio, etc), oregãos, azeitonas picadas, pimenta e picante.

Depois de bem misturado, coloca-se o preparado dentro do que resta do "ranhoso" e leva-se ao forno bem quente durante 10 minutos. Se sobrar (o que duvido) pode perfeitamente ser comido frio no dia seguinte porque a "molhanga" não solidifica. Atenção...não deixem o "ranhoso" estar muito tempo no quentinho do forno porque se a humidade da molhanga "dá à sola", nunca mais a apanham e a desilusão repete-se.

Para terem uma referência, a molhanga deve ficar com uma textura semelhante ao queijo da serra amanteigado. Barrado em tostas ou pão torrado não fica nada mal. Reguem a goela que digere o "ranhoso" com um tinto com "caparro" e, se estiverem virados para enfardar mais alguma coisa, garanto que uma saladinha mista (com rabenetes bem avinagrados) não vai nada mal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Grão calão


Isto foi muito difícil. Não que tenha sido trabalhoso ou demorado, mas o calor só me pede para para ser calão e enfardar fruta. Umas "muines" também passavam bem na goela, mas estou de relações cortadas com a cevada pelo menos enquanto conseguir manter-me amuado com a Sagres. Sim, porque mesmo não bebendo, se bebesse, seria Sagres e, de quando em vez, Cristal ou Tagus. Bem....vamos lá ao grão.

Com calor e um resto de bacalhau e grão cozido a pedirem companhia, vai de ir ao despenseiro e ao frigorífico procurar algo que conviva bem com esta rapaziada. As "bugigangas" do despenseiro fizeram-me desistir optando por abraçar o frigorífico que guardava na gaveta central um pecúlio de coentros, salsa, tomates maduros, ovos e restos de milho doce.

Vai daí, peguei nesses malandrecos piquei uns, cortei outros, cozi os ovos, desfiei o bacalhau cozido, peguei numa cebola e numa "machinha" de oregãos e coloquei-os a fazer meninos um tabuleiro. Ainda antes de regressarem ao frigorífico para refrescar dei-lhes uma salpicadela de sal e pimenta e banhei-os com azeite de Moura e vinagre aqui de casa.

Se vos apetecer torrar pão e esfregá-lo com alho e um niquinho de azeite para depois acompanhar o grão calão, vão ver que marcha que nem ginjas. Se não vos apetecer ter esse trabalho abram uma garrafa de branco ou rosé gelado e siga para bingo. Se puderem passar o resto do dia de papo para o ar a aliviar os gases produzidos pelo grão enquanto ouvem «Brazil - a Tribute» do Fernando Girão, vão ver como a flatulência e a percussão brasileira encaixam na perfeição.
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