terça-feira, 6 de março de 2007

Sabores d`Aldeia (Cadaval)

Numa noite em que a irracionalidade musical me levou para zonas que desconhecia, eu e os meus companheiros de pauta, enveredamos por uma aventura em busca dum local para comer algo mais que uma bifana ou um bitoque. Depois de verificarmos que a sugestão de restaurante de um dos compinchas se encontrava encerrada, sem saber como ou porquê, o alcatrão levou-nos até um restaurante de beira de estrada rodeado por stands de automóveis e outras superfícies comerciais típicas de uma estrada regional com movimento. Estacionamos. Dirigimo-nos à entrada e deparamos com uma sala grande e fria, talvez por estar vazia, tendo em conta o número de lugares disponibilizados e…livres.
Escolhida a mesa, pedimos umas imperiais para por fim à desidratação causada pela rotação dos pneumáticos no alcatrão, e fomos presenteados por azeitonas e pão dignos de uma vénia de agradecimento. O frio foi-se encolhendo e deu lugar à lista de comezainas. Coelho à caçador, polvo à lagareiro, veado na púcara, vitela à padeiro, pato no forno entre muitas outras propostas que começavam nos grelhados e acabavam em pratos de peixe.
Como a hora já ia avançada e as refeições servidas ao jantar não entusiasmaram a mão-de-obra da cozinheira, foi-nos sugerido o pato no forno.
Tal como o serviço informal e bem intencionado sugeriam, o pato no forno estava bem cozinhado, mantendo todos os sucos da carne, bem temperado – sem exageros de especiarias – com a textura certa e pele estaladiça.
Ao contrário do vinho, das azeitonas e do pão de trigo e de passas que acompanharam o repasto, as batatas fritas que ladeavam o pato fizeram com que a ave não tivesse sido convenientemente coadjuvada nesta proposta relativamente bem sucedida. Tal como já expliquei noutras oportunidades, as batatas fritas que - só por si - me fazem voltar a um restaurante devem ser,… aliás, não devem ser pré-fritas nem ultracongeladas, mas sim, daquelas batatas teimosas que dão trabalho a descascar e a cortar aos palitos não homogéneos. Essas sim, se fritas da forma correcta servem de bilhete de regresso, pois para além da sua textura estaladiça por fora e húmida por dentro, fazem do nosso palato um brinquedo vulnerável nas mãos deste tubérculo.
O arroz de manteiga estava no ponto não deixando margem para grandes negativismos.
Terminado o prato principal, foi-nos sugerido o doce da casa que foi petiscado por três colheres, colheres essas, que devido à falta de essência e substancia da dita sobremesa caseira, foram abandonando a taça ainda coberta de chantili de lata e por um palito de la renne empapado.
Seguiu-se o café e os digestivos a gosto, a conta, o pagamento e o regresso ao alcatrão que nos levaria de regresso ao espaço onde iria ser cometido o crime musical de qualidade muito similar às batatas fritas que adornaram o prato no final do jantar.

Detrás da orelha: Pato no forno, azeitonas e pão.
Desenxabido: Batata frita e doce da casa.
Pontuação: Come-se
Preço: Uma pechincha

Sabores d`Aldeia, Estrada nacional 115 – Casarão (Cadaval). Tel. 262 744 264

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