O que é que um gajo faz quando vai ao congelador buscar uns nacos de vitela e descobre uns pezinhos de porco que sobraram de uma feijoada feita há mais de três meses? Ainda pensei em fazer pezinhos de coentrada mas como a gaja cá de casa só gosta de lambuzar o pão no molho, sem tocar na xicha, abandonei essa ideia.
Mais uma vez, como é hábito, abri as portas do despenseiro para me inspirar e reparei que na prateleira de cima estavam duas latas de grão de bico, na prateleira do meio uns restos de farinha de mandioca e algum arroz carolino. Estava a correr bem.
Abri o "figurífico" (como dizia a minha Avó) e dou de caras com despojos de bacon, meio chouriço, duas cenouras e bananas. Vai daí, fui buscar o tacho, antes que passasse a "tesão do mijo", piquei alho, cebola, cortei a cenoura e o chouriço em rodelas generosas, juntei três folhas de louro, uma malagueta pequenina mas muito "rabina" e um pequeno derrame de azeite. Liguei o fogão.
Enquanto o tacho fazia aquele barulhinho maravilhoso do refogado, parti os pezinhos já descongelados e usei-os como surdina da festa que estava a acontecer dentro do tacho. Acrescentei 15cl de um rosé de produção caseira, que está a morrer dentro de um bag-in-box, sal, as duas latas de grão e deixei apurar em lume brando.
Enquanto isso, piquei bacon, coloquei-o numa frigideira bem quente, arremessei-lhe farinha de mandioca para cima que, quando começou a amarelar, levou com umas valentes rodelas de banana em cima para não se armar em fina. Depois foi só sevir os pezinhos com o grão e espetar-lhe com a farofa por cima (para ver se o molho engrossa). Acompanhei com arroz de manteiga, pão (do bom), vinho tinto e boa companhia que, apesar de não gostar de pés de porco, não se queixou de nada.
2 comentários:
Resultou num pratinho bem típico e delicioso, ;)
E o que sobrou...no dia seguinte estava ainda mais apurado. Obrigado pela visita e volte sempre.
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